segunda-feira, 28 de maio de 2007

Brasileirão 2007 : Atlético/PR 0 X 1 Santos - mudança de estratégia

Ganhar do Atlético Paranaense na Arena da Baixada é sempre um resultado difícil de ser obtido independente da fase pela qual o Atlético passa. Quando ele vem com 100% de aproveitamento nas duas rodadas do Brasileirão é uma tarefa mais árdua ainda.

Normalmente as equipes que vão enfrentar o Atlético em Curitiba utilizam-se de uma estratégia semelhante: realizar uma marcação no meio campo defensivo, buscando trazer o Atlético para o seu campo e sair em contra-ataques velozes quando a bola é recuperada. Quando dá certo, tudo bem, o gol acaba saindo ou pelo menos mantendo o Atlético longe das áreas de risco e o visitante jogando com o placar a favor consegue ter um controle melhor do jogo. Mas o que vemos na maioria das vezes é a equipe adversária acuada, sem posse de bola, com grande dificuldade de realizar a transição ofensiva e mesmo segurando o Atlético por algum tempo acaba não suportando a pressão e sofrendo a derrota. Algumas vezes por um placar dilatado.

Luxemburgo nas quis correr esse risco. Preferiu evitar a pressão do que suportar a pressão. Sempre que o Atlético ia sair jogando a equipe do Santos recuava um pouco seus dois atacantes para que o Atlético saísse jogando com sua linha de zagueiros (figura 1).

Figura 1 – Santos (preto) um pouco recuado

Nesse momento em que a bola era passada para um dos defensores, O Rodrigo Tabáta (10) adiantava-se como um terceiro atacante junto com o Marcos Aurélio (9) e o Jonas (11). Estes dois abriam um pouco para pressionar a saída de bola do Atlético nas laterais criando um bloco de pressão na saída de bola atleticana. Esse bloco movimentava-se da seguinte forma: o atacante na bola marcava em cima seu jogador a uma distância que não permitia ser driblado facilmente e os outros dois recuavam um pouco realizando as coberturas por dentro (figura 2).

Figura 2 – Pressão no lateral do Atlético/PR

Como podemos ver na figura acima, o lateral tem poucas alternativas. A bola na paralela para o meia (8) tem chance pequena de sucesso pela marcação próxima que os dois sofrem e o fato de que provavelmente o meia dominará a bola de frente para seu próprio gol e com um marcador em cima. O passe para o goleiro é uma possibilidade, mas provavelmente ele terá que alongar a bola devolvendo sua posse ao Santos. Quando a bola voltava para o zagueiro mais próximo (4), o Tabáta (10) adiantava-se nele tirando a opção da virada de jogo (para isso ele entrava pelo lado oposto ao que vinha a bola no adversário) e os outros dois atacantes marcavam por dentro as opções de passe (figura 3).

Figura 3 – Pressão no zagueiro eliminando a virada de jogo no lateral (2)

Isso fez com que o Atlético não conseguisse transportar a bola com qualidade até seus jogadores responsáveis pela construção das jogadas nas zonas mais adequadas. Essa marcação na saída da bola que o Santos fez “quebrou” a equipe atleticana no momento em que ela foi utilizada, não permitindo uma ligação entre os setores descompactando em profundidade o Atlético.

O Santos venceu por 1 X 0, o Atlético/PR criou poucas chances claras de gol e Luxemburgo provou estar certo na estratégia adotada mais uma vez.


Leandro Zago